As cidades de Campo Grande, Dourados e Caarapó estão entre os alvos da Operação Alquimia, deflagrada nesta quinta-feira (16) pela Receita Federal, em parceria com a Polícia Federal (PF), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O objetivo da operação é coletar amostras para análises químicas que possam identificar a origem do metanol encontrado em bebidas falsificadas apreendidas no país. A substância, altamente tóxica e imprópria para consumo humano, já provocou 32 casos de intoxicação no Brasil neste ano, segundo dados oficiais.
Em Mato Grosso do Sul, o Ministério da Saúde confirmou quatro casos suspeitos de intoxicação por metanol e uma morte, todos registrados em Campo Grande.
De acordo com a Receita Federal, a operação fiscaliza 24 empresas entre importadoras, terminais marítimos, indústrias químicas, destilarias e usinas, distribuídas em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
As empresas foram selecionadas com base no potencial envolvimento na cadeia de comercialização do metanol, desde a importação até sua possível destinação irregular. Os importadores, por exemplo, são responsáveis por trazer o produto ao Brasil e revendê-lo a empresas químicas e indústrias, onde deveria ser usado exclusivamente em processos industriais.
As investigações apontam que, em alguns terminais marítimos, há movimentação de grandes volumes de metanol que permanecem armazenados antes de serem distribuídos. Em casos suspeitos, parte do produto teria sido desviada e comercializada de forma irregular, fora da cadeia produtiva legal.
Segundo a Receita, algumas destilarias adquiriram metanol de empresas chamadas de “noteiras”, utilizadas para emitir notas fiscais falsas que mascaravam o transporte do produto. Caminhões e motoristas mencionados nos documentos, contudo, nunca chegaram aos destinos informados, indicando possível fraude documental.
Os agentes também apuram desvios de metanol em usinas produtoras e distribuidoras de etanol, consideradas pontos estratégicos da cadeia.
A Operação Alquimia busca, além de coibir o desvio e comércio ilegal do metanol, identificar os responsáveis por fraudes que possam ter relação direta com as bebidas adulteradas que causaram intoxicações graves e mortes em diferentes estados.