Os clubes de Mato Grosso do Sul ampliaram a pressão contra uma possível volta de Francisco Cezário ao comando da FFMS (Federação de Futebol do Estado). Após a liminar judicial que anulou a assembleia de 2024, uma decisão que abriu brecha para o retorno do ex-dirigente, as agremiações reagiram com documentos enviados à CBF reforçando que não aceitam sua reaproximação da entidade.
A movimentação ocorreu primeiro com um manifesto coletivo protocolado no dia 13 de novembro, assinado digitalmente por Nelson Antônio da Silva, presidente do Operário FC. Depois, individualmente, cada agremiação enviou seu próprio ‘Termo de Subscrição ao Manifesto dos Filiados pela Moralidade e Governança da FFMS’.
A reação dos clubes veio na esteira da decisão do juiz Tito Gabriel Cosato Barreiro, da 2ª Vara Cível de Campo Grande, que anulou a assembleia geral de 14 de outubro de 2024, a mesma que havia destituído Cezário após o escândalo revelado em maio de 2024. O magistrado entendeu que houve falhas no processo administrativo que embasou a AGE, especialmente pela falta de ampla defesa.
Apesar da decisão, o próprio juiz registrou que Cezário segue afastado por ordem da Justiça criminal e já está suspenso pela CBF. Ainda assim, somente a Justiça pode rever esse afastamento, mas ainda assim houve a reação dos clubes. Isso porque eles temem que a liminar seja usada como argumento para uma tentativa de retorno ao comando da Federação.
O ofício assinado pelo Operário, em nome de vários clubes, é totalmente contrário a qualquer hipótese de retorno do ex-presidente. O documento afirma que cogitar recolocar Cezário na FFMS viola a decisão soberana dos filiados e ameaça a autonomia do futebol sul-mato-grossense.
O texto lista irregularidades atribuídas ao ex-dirigente com base no material compartilhado com os clubes: desvios milionários de recursos públicos e privados, saques sem comprovação, pagamentos informais, uso de familiares e terceiros para movimentação de valores, falsificação de documentos e carimbos, além de denúncias que envolvem organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e furto qualificado.
O manifesto também cita artigos do Estatuto da CBF que tratam de moralidade, ética e competência do Conselho de Ética para impedir o retorno de dirigentes envolvidos em irregularidades graves. Ao final, os clubes pedem três providências: instauração imediata de procedimento disciplinar, acompanhamento institucional da CBF e comunicação direta sobre cada passo adotado.
Dentre os clubes que assinaram o manifesto estão o Comercial, D9 FC, Coxim AC, A.A. Bataguassu, Redenção FC, União AC, URSO, Costa Rica EC, Instituto Bola de Ouro, MS Fênix, Maracaju AC e Clube Esportivo Guaicurus.
Cezário comandou o futebol sul-mato-grossense por quase três décadas e foi preso em duas ocasiões em 2024, apontado pelo Gaeco como líder de um esquema de desvios que ultrapassou R$ 6 milhões. De acordo com a investigação, a organização criminosa operava pequenos saques para driblar o controle, usava empresas parceiras para repassar valores “por fora” e desviava dinheiro destinado a diárias de hotéis em jogos do Estadual.
Após ser formalmente destituído, tentou reassumir o cargo em diversas ações judiciais. A Diretoria eleita, comandada por Estevão Petrallás, permaneceu no comando apesar das investidas.